segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

FOME

Pensamentos, inconstâncias
Medos, angustias
Frio, solidão
Palavras, imagens
Duvidas, arrependimentos,
Dor, tristeza...
Tudo em um só lugar,
Tudo em um só corpo.
E como dar conta deste vulcão?
Palavras não são ditas,
Ouvidos são exaustivamente usados.
O que fazer com minhas palavras?
Palavras que imploram para sair...
Tranca-las na gaveta mais alta?
Gritar no vácuo do silencio?
Tenho fome de explodir, de gritar
Tenho fome e não me deixam comer.



São Paulo, 26 de Janeiro de 2009
Marco Salera Castro

sábado, 24 de janeiro de 2009

FRIO

Me peguei com um medo no mínimo intrigante... Não conseguia falar, nem se quer esboçar uma expressão, estava parado, estático, era o frio que tomava conta do meu corpo, subia pela barriga e chegava até o peito, congelando-o como uma pedra, me tornando paralitico. Não entendi, fiquei confuso, logo eu? Eu que sempre dizia tudo o que sentia, sem medo de ouvir o que não queria. Porque isso agora? Porque isso com ela? O que desta vez tenho que aprender? São mais e mais perguntas que surgem a todo o momento... e sem deixar de ser novidade, todas elas sem alguma resposta, ou até mesmo um sinal.
Descobri que aquele frio na barriga que eu sentia quando estava perto dela, nada mais era que o medo, ou seja, era o medo que tomava conta de mim e me paralisava de tal forma que não era capaz de soltar um suspiro. Mas Bela não sabia que era medo o que eu sentia, afinal, ninguém sabe que eu sinto medo, dor, falta...
E como falar? Qual seria o momento? Acho que seria aquele no carro, quando aquela musica começasse a tocar.... então ela olharia nos meu olhos, ficaríamos ali por alguns minutos, perdido, um olhando os olhos dos outros, desviaríamos os olhares para as bocas e um beijo aconteceria... Mas e se a musica não tocasse? Não posso me prender a uma fantasia boba e ingênua de que as coisas acontecerão da forma com que eu sonho... Não posso acreditar para sempre que ela vai ligar e dizer o que sente, de que vai me mandar chocolates suíços com um par de alianças. Mas se não posso acreditar nisso em que vou acreditar? Por outro lado, se eu continuar esperando o sonho se tornar realidade quando é que vou falar?
Está na hora de colocar os pés no chão, perceber quem nem todos pensam e agem como você e de que os outros também possuem lá seus frios na barriga. É hora de ter coragem para enfrentar seus medos sozinho, se aquecer com seu próprio calor e falar de um possível amor.

24 de janeiro de 2009
Marco Salera Castro

VERRUGAS

É tão confuso, tudo em minha mente, os pensamentos se misturam com os desejos, que se mistura com os medos, que por sua vez se misturam com s lembranças... Hoje resolvi subir as escadas, acendi um cigarro e reparei nas estrelas que haviam no céu. Por algum motivo que não sei o qual veio uma voz que me dizia que não podia apontar o dedo para as estrelas, que se assim fosse feito surgiriam verrugas pelo meu corpo. Dei risada. Lembrei-me da inocência, da ingenuidade que tinha quando era pequeno, sim, pois quando pequeno morria de medo que nascessem verrugas em meu corpo. Por mais que eu tivesse vontade eu não ousava em contá-las e lembro-me que quando estava só, olhando para elas, chegava apontar uma ou outra, mas logo olhava para os lados com medo que alguém tivesse vendo aquilo que eu estava fazendo, como se fosse um crime apontar estrelas. Hoje quando olhei para o céu acho que tive vontade de contá-las, mas não consegui, será que minha ingenuidade se foi, ou ela permanece a mesma? Será isso bom ou ruim?
Na verdade queria poder contar todas as estrelas do céu, mas sei que não posso, pois são infinitas e não pelo medo das benditas verrugas. A pergunta que me faço agora é por quê? Porque isso tudo veio às vésperas de um ano novo, será um pedido de socorro, de ajuda ou até mesmo de mudança? Porque não consegui contar as estrelas? Porque tive medo? Será que acredito muito no que os outros dizem?
São tantas perguntas que chega a me doer a cabeça e o pior, são estas as perguntas mais difíceis a serem respondidas, não há resposta na maior enciclopédia muito menos num bilhete guardado no fundo de uma gaveta. As idéias são confusas e as hipóteses de possíveis respostas tornam a se misturar no meio de tudo, vira um verdadeiro fuzuê.
Aos poucos tudo vai se clareando, percebi que tenho medo de não ser bom o suficiente para poder contar todas as estralas que queria, talvez por isso esta farsa de verrugas, logo não iria contar as estrelas, pois nasceriam milhões de verrugas, então pude esconder por vinte anos o fato de não poder contar toas as estrelas por trás de uma mentira tola sobre verrugas.
Lembro-me das estrelas que ganhei nas primeiras séries, estrelas essas por ser o menino que mais “lia” livros. Lá na escola eles contavam os livros que você tirava da biblioteca, e ao final do ano eles premiavam os leitores mais assíduos e eu.... Eu sempre esta lá, entre os maiores leitores da escola. Mentira tola essa, pegava três ou quatro livros por semana na escola, mas não lia um se quer, nem me dava o trabalho de tirá-los da mochila. Mentira torpe, hoje eu percebo que não enganava ninguém a não ser eu. E porque fazia isso? Talvez medo de não ser bom em ao menos uma coisa, já que não podia contar estrelas do céu, contava estrelas de melhor leitor.
Acho sim que isso é um grande sinal, um sinal que devo começar a buscar pelas minhas próprias estrelas, sem temer, sem pensar se vou fazer feliz um ou outro, afinal o que é que importa se não nossa própria felicidade?
Parto agora para uma missão difícil e dura, sem mentiras, sem historinhas, está será uma missão Real, vivida por mim, e sentida apenas pelo meu corpo. Darei o nome a essa missão de “Missão Luz” e o objetivo principal será de achar minhas próprias estrelas e sem temer verrugas, que eu possa contá-las e me orgulhar.






São Paulo, 30 de dezembro de 2008
Marco Salera Castro