sexta-feira, 24 de abril de 2009

Res: AO MEU AMIGO

Marco, meu amigo!

Acredito que tivemos momentos inexplicáveis juntos, momentos prazerosos, engraçados, sádicos, devaneios e até mesmo momentos de sanidade. Acho que essa viagem foi importante, pois conhecemos pessoas loucas, porém pessoas loucamente prazerosas, que dá vontade de manter amizade e criar laços.

Eu preciso me encontrar, sair desse mundo corrupto e ao mesmo tempo gostoso, acredito que não pertenço a isso, pois a minha moral é maior do que a vontade de participar de tudo isso. Quero que vá viajar tranqüilo, que fique feliz, que deixe fluir o que há de melhor dentro de você, que emane felicidade, paz e principalmente saúde. Eu estou triste, sozinho, com medo, com aperto no peito, mas uma pessoa me ensinou uma palavrinha que sempre procuro utilizar – Vai ficar tudo bem! Estou apaixonado, não sei se sou correspondido, ora sim, ora não, vamos ver o que acontece na minha vida nesse final de semana em São Paulo.

Quando você voltar, quero te encontrar durante a semana, vamos conversar, colocar o papo em dia e acima de tudo, perceber que estamos bem, que esse momento fatídico foi apenas um momento pelo qual tínhamos que passar e ainda bem que foi juntos. Estarei com você, ore por mim também e sei que mesmo longe você está perto do meu coração, haja o que houver.



Te amo,
Victor.

São Paulo, 24 de Abril de 2009

AO MEU AMIGO

Meu querido amigo Victor,

Escrevo esta para lhe dizer que com alegria estarei a caminho de Caragua na data de hoje. Passarei meu fim de semana relaxando, afinal nossa insanidade do feriado ainda impregna minha alma e enlouquece meu corpo. Preciso deste contato com a natureza, com a mar, com a área, preciso recompor toda minha energia, a mesma que foi entregue, sem muito esforço, para aqueles falsos moralistas, que jogaram suas mascaras após conhecer o sabor acido da loucura.
Está na hora de reencontrar meu equilíbrio, aquele tal que me faz acordar com animo e disposto para mais um dia sabatinado, torturante. Quero de volta minha fé, é ela que move meus sentimentos, desejos e votantes, fico sem rumo sem ela, vulnerável aos desejos alheios, as orgias, as sujeiras.
Quero voltar a ser o velho e bom Marco, calmo, tranqüilo, observador, analítico, quanta pretensão a minha dizer essas qualidades, mas se eu não acreditar como poderei ser?
Espero voltar renovado, pronto para mais aventuras, para ouvir mais historinhas engraçadas do Forest, para derreter com o sol apagado, para sentir o movimento parado.
Confesso ir preocupado com você meu amado amigo, acredito que também precise desta renovação e espero que a tenha, se pudesse teria esta renovação junto a ti, o que seria um imensurável prazer. Por fim, lhe espero um belo fim de semana, com paz e alegrias, com tesão e calmaria. Ore por mim e lembre-se sempre que amo ser seu amigo! longe ou perto estarei sempre com você!


São Paulo, 24 de Abril de 2009
Marco Salera Castro

sábado, 4 de abril de 2009

SENSAÇÕES

Amor, ódio, desejo, aventura, prazer, medo, receio, aflição, ternura, raiva, indiferença, alegria, solidão... Sensações que impregnam minhas veias e que movem minha vida, direcionam meu ser, me fazem pulsar. Cada um com seu sentido e suas devidas responsabilidades, cada um em seu devido momento e prazo de validade. Imprescindíveis na vida humana e porque não na minha? Ouso dizer que sou capaz de senti-las uma a uma, ou todas juntas, por aquilo ou por aquele, entorpecem minha alma e me deixam por vezes perdido, amortecido, sem reação alguma. É um over dose de ser, de saber, de sentir, uma confusão que toma conta do imaginável, do sombrio, que me faz cólicas e arrepios, me deixam em estado de euforia, êxtase e de melancolia. Sou acima de tudo um pobre ser humano, vulnerável aos ditos populares, as mandingas, crenças e pré-conceitos e por isso tenho minha absolvição, não irei para o inferno por sentir de mais, mas confesso ser impossível ir para o céu por fazer de mais. Me resta então continuar a sentir e deixar ser sentido.


São Paulo, 04 de Abril de 2009
Marco Salera Castro

MAIS UM

Hoje celebro ser mais um, mais um no meio de tantos outros, tantas raças, cores, crenças, sou mais um no anonimato, no meio da multidão, gritando sem ser ouvido, chorando minhas dores, sorrindo minhas felicidades. Na esquina, parado, encostado em um poste, passo por despercebido, mas nem por isso fecho meus olhos ao mundo, vejo então, do outro lado da rua, uma bela donzela que aguarda tremula e com suor nas mãos frias o jovem rapaz, uma mãe passeando com seu lindo bebê de bocheches rosadas e cabelos de fios de ouro, crianças na praça ao lado brincando de pega-pega, pique - esconde, pipa e amarelinha o moço do sorvete alegra o domingo ensolarado. Vejo uma senhoria infeliz que passeia com seu cachorro e uma sacola cheia de pães, o mendigo esfomeado que chora com suas crianças pela misericórdia de um prato de comida. A prostituta que aborda os três rapagões que por ali passavam lhe dizendo “vamos gozar gostoso garotões”. As freiras sofrendo as dores dos moribundos. Há também as futilidades particulares dos sapatos de 100 mil dólares e os Incorruptos Corruptíveis. Nestas dezenas, centenas e milhares que estou, estou em um mundo que por sua vez é amável, e que noutra hora se torna sujo, vulgar, falsário.
Sou mais um condenado a viver dentre milhões de destinos deturpados, confusos, sem anseios e desejos. Sou mais um passando por despercebido e que mesmo assim sofre as interferências dos destinos alheios, dos famintos por vida, dos desejos recalcados.



São Paulo, 04 de Abril de 2009
Marco Salera Castro