quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

GRANDE HOTEL

Sentado na beira de uma cama, em um hotel qualquer, em uma cidade qualquer, vendo o vidro da janela sendo banhado pela chuva. Como companheiro desta noite tem um maço de cigarros, pensamentos perturbados, uma angustia gelada e alguns desejos. Já era sem tempo, acho que estava precisando de um pouco de tudo isso, precisando encontrar o meu elo perdido.

O breu do quarto me revela vontades e ao mesmo tempo o clarão dos raios que caem lá fora iluminam o medo de tentar, de experimentar, de PERMIRTIR-ME. A final, o que eu perco ou o que eu ganho? Será que devo me deixar levar ou simplesmente recalcar? A linha que separa o querer do não ter é tênue e angustiante.
Pela fresta da porta, iluminada pela luz corrente do corredor, entra a expectativa masturbadora, e como se não me bastasse o dever de lidar com minhas próprias expectativas, surgem as terceiras, que eu diria serem as mais aflitantes. O que você quer? O que espera de mim? Como você me imagina? CUIDADO! Não sou o príncipe encantado que você espera em um cavalo branco, muito menos um símbolo sexual que saciará seus desejos de foda alucinante. E como lhe dizer isso é o que mais me arrepia.
Por um lado quero ser sincero e lhe dizer que não sou quem você espera, por outro quero tentar te conquistar e mostrar, talvez para mim mesmo, que é possível, no entanto, temo que esse “tentar” seja de extremo egocentrismo de minha parte e que não só a mim, mas a você posso também levar a frustração.
E com todas essas possíveis falsas expectativas o meu medo só cresce, torna-se volumoso. Entra em cena pelo canal de tv mudo a tal de distancia, que nada mais é que um meio de me proteger da auto-aniquilação. É mais fácil e menos dolorido tentar me afastar agora, ao invés de seguir e enfrentar as malidições de um medo pulsante.
A conclusões por hoje não vou chegar, quero apenas fumar um ultimo cigarro, me acomodar em meio a tantos travesseiros, me cobrir, desligar a TV, fechar meus olhos e me lembrar de um sorriso encantador que cegou meus olhos enquanto me embebia de boas vibrações.
São José dos Campos, 12 de Janiro de 2011
Marco Salera

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